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·19. April 2025

Clube português lança uniformes para celebrar Senna e vitória há 40 anos

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O clube português Estoril Praia lançou uma linha com uniformes comemorativos para celebrar Ayrton Senna, lenda brasileira da Fórmula 1. As camisas comemorativas celebram uma vitória do ícone em solo português há 40 anos.

O clube se inspirou na inesquecível primeira vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1 - festejada, justamente, no Autódromo de Estoril - para lançar o quarto uniforme da temporada - que vai ser usado exclusivamente no jogo contra o SC Braga - , na semana em que a conquista de Senna celebra o seu 40º aniversário.


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Com um regresso ao passado - simples e relevante -, os estorilistas pegaram num pedaço de tecido e o resto foi história. Nossos irmãos lusos do Zerozero foram saber mais sobre esta história.

Comecemos por dar o devido mérito a quem o merece: António Nobre - diretor do marketing e da comunicação do Estoril Praia -, Bernardo Fernandes - diretor criativo da Colure (assessoria de comunicação e relações públicas) - e Francisco Fernandes - designer da Colure. Eis as mentes por detrás da camisa.

O zerozero reuniu-se com os três, de modo a entender todos os detalhes da homenagem, desde o processo criativo até à conceção da mesma. Uma conversa que deu pano para mangas - ainda vão a tempo de as fazer compridas!

Olá, era uma... nova identidade!

António foi o porta-voz e começou por contar mais sobre a fase embrionária da relação entre os três envolvidos.

"Em janeiro de 2024, conheci o Bernardo pelo LinkedIn. Convidei-o a vir ao Estoril e ele apresentou-me a Colure, uma agência criativa, que vai além do rebranding, do design e da produção de eventos. Se me perguntassem, em 2024, se esta ideia ia sair do papel, diria que não, mas felizmente saiu, muito graças a este pessoal, que fez acontecer", começou por dizer.

"Expliquei ao Bernardo, na altura, que a grande dificuldade do Estoril Praia era sair dele próprio. Era um clube de futebol muito fechado e não chegava à comunidade de Cascais e do Estoril. este caso, o uniforme não foi ligado à responsabilidade social, mas à memória histórica. É uma homenagem que procura que as pessoas olhem para o nosso Concelho", completou.

Assim, estava feita a ponte para o grande motivo desta conversa.

"A Colure pôs mãos à obra e procurou tipos de iniciativas, eventos, culturas e histórias bonitas que podíamos encontrar aqui na zona, sendo eles também cascalenses. Obviamente, o circuito do Estoril acaba por marcar uma parte importante desta comunidade e dentro das infindáveis histórias, estava esta do Ayrton Senna", continou a contar.

No fundo, esta parceria acabou por ajudar a construir uma identidade em torno do clube, algo que, na opinião de António, ainda está em evolução.

"O rebranding do Estoril Praia ainda é um work in progress. Estamos a dar vida a uma marca que queremos que cresça; dizemos que está na fase adolescente, mas queremos chegar a uma fase de maturidade", admitiu.

O diretor de marketing dos Canarinhos, apelido que, por acaso, também os aproxima do Brasil, analisou, também, a forma como os equipamentos auxiliam a difundir o clube pela comunidade.

"São um ótimo veículo para contarmos uma história e mostrarmos quem somos. A margem que o clube tem para comunicar com alguém que ligue a televisão durante um jogo de futebol é muito reduzida. Por isso, aproveitamos os uniformes para mostrar identidade. Portanto, à procura disso, acabamos por conseguir incorporar o moderno, as cores e uma atitude moderna com alguns elementos deste design retro, que falámos na outra entrevista, que transportam as pessoas para um período nostálgico do futebol", explicou.

"Sendo este veículo, o Estoril Praia deu sempre uma especial atenção aos uniformes. Com o terceira camisa, o objetivo foi olhar para a responsabilidade social, para o trabalho das associações: por exemplo - em Portugal pelo menos e não sei se em todo o mundo -, o Estoril Praia é o único clube que oferece o espaço para consultas de psicologia e psiquiatria no estádio. Acabamos por integrar o equipamento como uma parte de visibilidade de uma ação mais global", continuou.

Ayrton, muito me lembras, mais me inspiras!

"Queríamos celebrar Ayrton Senna em Cascais e isso não era só a corrida no Autódromo de Estoril. Era o sair à noite aqui, o morar aqui, o viver aqui... A primeira coisa que marca na camisa é que nós não queríamos que fosse... uma camisa. É uma polo. Tem uma gola e o Estoril Praia não usa golas, porque é focado na performance esportiva. Queríamos essa vertente, que as pessoas pensassem: 'O Ayrton podia ter usado isto a passear na Marina'", admitiu António, antes de passar a bola a Bernardo.

"É daquelas ideias que, quando aparece, não conseguimos largar. Tornou-se um conceito super forte, vencedor e com um potencial incrível - tanto é que a repercussão está à vista", começou por comentar.

"O que me impressiona mais - e vemos agora com os comentários e reações - é que o Ayrton Senna deve ser dos poucos esportistas que, tantos anos após a sua morte, têm um legado tão presente e tão forte. Tem um carisma inigualável e isso foi o maior ingrediente aqui", opinou Bernardo, que deu sequência à circulação de bola ao passar para o irmão.

"O que fez isto funcionar tão bem é a mistura do retro com o moderno. O uniforme do Senna funciona ainda melhor que os outros, porque, mais que um design, é uma ideia e as pessoas identificam-se muito com isso", revelou Francisco, antes de António acrescentar outro ponto à discussão.

"Aliás, até há algo que não é muito comum. O fabricante e o emblema em preto sobre preto, de modo a perderem a relevância sobre o que queremos transmitir e homenagear", fez questão de salientar.

Na sequência, Bernardo revelou uma conversa ocorrida durante a sessão fotográfica: "Fizemos com o Xeka, o Zanocello e o Bacher. Uma das coisas que eles diziam - meio a brincar, meio a sério - era: 'Quero ficar já com esta camisa; vou de férias e vou usá-la'. Ouvia aquelas conversas e só pensava: 'Perfeito, era mesmo isso que nós queríamos'".

Uma homenagem aqui e agora

Lamentamos, caro leitor, mas damos já as más notícias: a nova camisa do Estoril Praia não estará à venda nem em Portugal, muito menos no Brasil.

A decisão foi recebida, um pouco por todas as redes sociais, com alguma tristeza, mas tornou-se percetível quando António Nobre nos explicou toda a situação.

"Falamos desde cedo com o Instituto Ayrton Senna. Eles têm produtos e serviços: são uma empresa que vive disso, dessa imagem e dessa marca. Sempre reforçamos muito - também é daí que vem a vontade deles participarem nisto connosco - que seria uma homenagem. Ao início, pensamos em comercializar, mas rapidamente percebemos que não fazia sentido", começou por explicar.

"Primeiro, porque é um negócio que é deles e o Estoril Praia não tem nada a ver. Depois, porque, para nós, isto tem um espaço e um tempo muito definido. É uma homenagem aos 40 anos de algo que aconteceu no dia 21 de abril. Tem um período de vida muito curto".

"Se fossemos produzir merchandising para vender, faríamos cinco mil uniformes e, quando os vendêssemos, íamos querer fazer mais cinco mil. Isso iria se prolongar e perdia o contexto de uma homenagem, cujo objetivo é relembrar o que aconteceu aqui, viver um pouco da história, partilhá-la com o mundo e agradecer pelo impacto que criou na nossa comunidade", seguiu.

"Para nós, não faz sentido que isto se alongue no tempo. Tem uma vida útil muito condicionada: lançamos na terça-feira, para viver sábado no jogo e para, na segunda-feira, fecharmos a homenagem entregando essa camisa no Circuito de Estoril", completou António, antes de finalizar.

"Tivemos uma avalanche de comentários de pessoas a pedir (para colocarmos a camisa à venda). Achamos mais lógico não o fazer, sobretudo a nível da repercussão. É normal que agora existam muitas pessoas a falar de eventuais milhões perdidos ou ganhos por termos tomado esta decisão; nunca vamos saber, se fosse comercializada, se a camisa teria sequer o mesmo impacto", lembrou Bernardo.

Missão cumprida... e olhos no futuro!

O diretor criativo da Colure não terminou a entrevista sem antes salientar o sucesso da iniciativa e admitiu que, com esta viagem ao passado, realizou um sonho.

"Tenho a memória dos almoços de domingo serem seguidos por horas e horas a ver a Fórmula 1. Como vivíamos perto do Autódromo, ouvíamos os treinos aos sábados de manhã. Acredito que milhares de pessoas tenham crescido, direta ou indiretamente, a idolatrar o Ayrton Senna. Portanto, fazer este projeto tem uma grande carga emocional", recordou.

Isso nos dá um pouco de noção sobre o tamanho do impacto de Ayrton Senna não apenas entre os brasileiros, mas em todo mundo...

"Para ser honesto, estávamos à espera que a campanha corresse bem, mas, se fosse um quarto do que realmente aconteceu, já achávamos ótimo".

Entretanto, a gravação chegou ao fim, mas a conversa continuou.

António, Bernardo e Francisco mostraram-nos os protótipos de camisas feitas para esta homenagem. Os equipamentos que - por uma razão ou outra - não foram aprovados. E não, caro leitor, não foi por falta de encanto.

Por fim, ficou uma opinião no ar, de alguém que já assistiu de perto aos desenvolvimentos para a temporada 25/26: "Acho que os próximos uniformes ainda vão ser melhores".

Seja pela estreia deste equipamento Senniano - este fim de semana - ou pelos da próxima temporada: resta-nos aguardar com entusiasmo!

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