
Central do Timão
·29. April 2025
Conselho reprova balanço de 2024 e gestão Augusto Melo é ameaçada por risco de destituição

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·29. April 2025
Seguindo os pareceres dos Conselhos Fiscal e de Orientação, o Conselho Deliberativo do Corinthians reprovou, na noite desta segunda-feira, 28, o balanço financeiro de 2024, primeiro ano da gestão Augusto Melo, com 130 votos contrários, 73 favoráveis e seis abstenções.
Pouco antes da votação no Conselho Deliberativo, o CORI recomendou a reprovação das contas, fundamentando sua decisão em uma série de irregularidades, omissões e problemas considerados graves, a ponto de caracterizar gestão temerária, com risco de responsabilização civil e penal dos dirigentes, conforme previsto na nova Lei Geral do Esporte – clique AQUI para ler.
Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians
Segundo o CORI, o passivo total do clube aumentou em R$ 829 milhões em relação a 2023, número considerado alarmante pelo órgão. Cabe ressaltar que o passivo corresponde a todas as obrigações financeiras do clube, como dívidas, salários, impostos e custos operacionais.
“Constatamos o aumento do total do passivo em R$ 829 milhões, comparado ao exercício de 2023 número de grande relevância em quaisquer comparações percentuais e mesmo comparado com aumento total do Ativo, o Passivo cresceu mais de R$ 300 milhões”, pontuou o órgão.
No balanço apresentado, o Corinthians registrou um endividamento bruto de R$ 2,5 bilhões, incluindo R$ 1,8 bilhão em dívidas do clube e R$ 668 milhões referentes ao financiamento da Neo Química Arena. O valor representa um aumento de aproximadamente R$ 600 milhões em relação ao ano anterior. A diretoria atribuiu parte desse crescimento a possíveis contingências herdadas de gestões anteriores, que somam R$ 191,2 milhões, e chegou a informar aos órgãos fiscalizadores do clube o pedido de reabertura das contas da gestão passada, já auditadas e aprovadas pelos conselhos.
No entanto, em seu parecer, o CORI destacou que não foram apresentados documentos comprobatórios, como composições de saldo, extratos de órgãos reguladores, cartas de circularização de advogados ou controles de auditoria, apesar de tais informações terem sido solicitadas em reuniões e por meio de ofício.
A reprovação do balanço financeiro, de acordo com o estatuto alvinegro, pode ser utilizada como fundamento para um pedido de destituição do presidente. Caso seja caracterizada gestão temerária ou irregular, o dirigente pode ser punido e até mesmo se tornar inelegível por dez anos. Após a votação, ao deixar o Parque São Jorge, Augusto Melo fez um pronunciamento rápido sobre o resultado.
“A gente está muito tranquilo, está tudo de boa, está tranquilo. Agora é provar na Ética o que teve os documentos”, afirmou o mandatário.
Quem também se pronunciou à imprensa após a reunião foi o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, que detalhou os próximos passos do órgão após a reprovação das contas.
“As contas foram reprovadas, por ampla maioria, e nós vamos fazer aquilo que a lei determina. Nós temos alguns conflitos legais. O estatuto fala uma coisa e a legislação fala outra. Nós temos uma lei nova, que é a Lei Geral do Esporte, que prevê, quando as contas são reprovadas pelo motivo que foi, ou seja, gestão temerária, prevê alguns mecanismos que são diferentes do estatuto, até porque o estatuto não é reformado há muito tempo”, ponderou Tuma.
“Então, assim, eu vou estudar com bastante cautela tudo o que foi analisado pelos Conselhos Fiscal e pelo CORI, o que foi votado pelo plenário, o que prega a legislação para que a gente delibere muito em breve sobre os próximos passos. Nós não vamos fazer nada que gere insegurança jurídica ao clube (…) Todos nós somos passageiros, o Corinthians não é. Em breve nós vamos tomar a decisão sobre afastamento, como é que ele deve ser feito, se é que deve ser feito. Isso vocês vão saber”, concluiu.
Mesmo com a reprovação, o balanço financeiro do Corinthians deverá ser publicado até o dia 30 de abril, a fim de evitar sanções, como a exclusão do clube do Profut, por exemplo.
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