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·19 March 2025

Operação Pretoriano: Arguidos dizem que candidatura e campanha de ABV levaram aos incidentes na AG

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Fernando Saul, arguido na Operação Pretoriano, afirmou hoje que a candidatura de André Villas-Boas à presidência do FC Porto foi uma “afronta” e que a campanha “orquestrada” para a conquista do poder resultou em incidentes na assembleia geral (AG).

“Como sócio do FC Porto, foi uma provação e uma afronta. Ele mentiu ao afirmar que nunca se candidataría contra Pinto da Costa e alterou a sua posição. Não sou obrigado a concordar. O ambiente foi aquecido, uma parte fez o que lhe competia para alcançar o poder, e a outra para o conservar”, disse, no Tribunal de São João Novo, no Porto.


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Durante a retoma da segunda sessão do julgamento, após a pausa para o almoço, o ex-funcionário do FC Porto acusou o atual presidente de nunca ter comparecido a uma AG do clube e de ter “arregimentado pessoas para se confrontarem” na reunião em que se discutiam alterações estatutárias.

Foi neste contexto que o presidente do tribunal questionou o arguido se “estava a brincar com o tribunal”, numa parte mais tensa do interrogatório, ao interromper a advogada de defesa para saber se os outros arguidos votaram em André Villas-Boas ou em Pinto da Costa nas eleições, ao que ele respondeu com um “não sei”, provocando a reação de Ana Dias Costa.

Em seguida, o tribunal recordou ao arguido que é habitual um potencial candidato à liderança do clube solicitar que as pessoas compareçam à AG para defender a sua posição, assim como foi o caso da outra parte.

“Isso não é crime, nem de uma parte, nem da outra. Contudo, na minha função como oficial de ligação dos adeptos, uma das minhas responsabilidades era monitorizar as redes sociais e as páginas de futebol, e há vários meses que se percebia um ambiente de tensão, com pessoas a insultarem-se. Foi montada uma campanha (Villas-Boas) e, em seis meses, surgiram centenas de páginas com o mesmo objetivo, uma verdadeira cartilha”, afirmou Fernando Saul.

O ex-funcionário do clube afirmou que todas essas páginas, que “desapareceram após as eleições”, eram direcionadas contra Pinto da Costa, com insultos como “está na hora do velho ir embora”, “anda na mama há muitos anos” ou “já acabou o teu tempo, devias morrer, velhote”.

Fernando Saul salientou que os acontecimentos que antecederam a AG de 13 de novembro de 2023 criaram um “clima” que “aumentou a tensão” entre as partes, considerando que muitos adeptos do FC Porto, incluindo os membros dos Super Dragões, se sentiram ofendidos pelo “denegrir da imagem de um homem que fez do FC Porto o que é, que se dedicou ao clube”, referindo-se a Pinto da Costa.

Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, foi elogiado pelo arguido pelo seu trabalho em prol do FC Porto e da PSP, com ênfase na sua contribuição, especialmente na logística de preparação dos jogos, especialmente fora de casa.

“Ninguém domina ninguém, mas ele era o líder. Fornecia-nos informações importantes para organizarmos os nossos jogos e tinha uma boa relação com as autoridades, ao contrário de outras claques”, justificou.

Salientou que Madureira “era comunicativo, colaborativo e exercia uma liderança não autoritária” e que nunca o viu em episódios de “violência direta”.

Como a organização das AG do FC Porto é da responsabilidade dos diretores de segurança e de marketing do clube, esperava que o primeiro tivesse sugerido ao presidente da mesa interromper os trabalhos durante os tumultos.

“Ele poderia ter feito isso. Relatou-me que, quando os primeiros tumultos começaram, foi contactado pela PSP para saber se era necessária intervenção, ao que respondeu que não”, revelou.

Reforçou ainda o que tinha declarado de manhã, ao negar ter agredido alguém, e a posição que Fernando Madureira também apresentou ao tribunal na segunda-feira, sobre a estratégia de Villas-Boas, que se confirmou ao manter o diretor de segurança e o diretor de marketing em funções.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, incluindo o ex-líder dos Super Dragões e a sua esposa, Sandra Madureira, começaram na segunda-feira a ser interrogados sobre 31 crimes em coautoria, no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob um forte dispositivo policial nas proximidades.

Os crimes em questão incluem 19 de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no contexto de um espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, um de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, relacionados com uma assembleia geral do FC Porto em novembro de 2023.

Dentre os arguidos, Fernando Madureira é o único que se encontra em prisão preventiva, a medida de coação mais severa, enquanto os outros foram libertados em diferentes momentos, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão e Hugo Carneiro, que também estão ligados à claque.

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