MundoBola Flamengo
·19 mars 2025
Fisiologia no limite: médico faz alerta que pode comprometer ano do Flamengo

In partnership with
Yahoo sportsMundoBola Flamengo
·19 mars 2025
Para ser campeão, principalmente campeonatos por pontos corridos, é preciso de um time com vigor físico. Esse é o principal problema do Flamengo, segundo o Dr. Gustavo Asmar, médico ortopedista especializado em trauma do esporte.
Em entrevista ao canal Falso Nove, ele aponta fatores importantes da fisiologia no futebol, falando especificamente de Flamengo.
Ele afirma que o trabalho da fisiologia dos clubes, ao contrário do que se imagina popularmente, é fazer com que os atletas joguem o máximo possível durante uma longa temporada.
"O alto rendimento vai ter lesão. O foco principal não é prevenir o atleta de se lesionar. É de jogar sempre o máximo. O De Bruyne se lesiona perto de uma final de Champions. Diversos jogadores ficam fora da Copa do Mundo no final da temporada. Real Madrid, vários jogadores com lesões no LCA. O papel do fisiologista é fazer o atleta jogar ao máximo, idealmente não quebrando. No alto rendimento, a linha é tênue entre jogar ao máximo e não se machucar", alerta.
O Flamengo tem o elenco considerado como o melhor do país, mas são times inferiores que têm conseguido levantar a taça do Brasileirão, que não é conquistada pelo Mengão desde a edição de 2020.
Gustavo Asmar afirma que isso acontece por uma mudança na atualidade. Com calendário superlotado, jogadores que aguentem atuar por 90 jogos durante a temporada se sobressaem aos atletas mais técnicos.
Na opinião do médico, é isso que tem atrapalhado o Rubro-Negro, trazendo comparações com elencos de Palmeiras e Botafogo, por exemplo.
"É necessário um vigor físico para conseguir espaço para jogar, se não, mal toca na bola. Boto e Filipe Luís disseram que a prioridade do Flamengo é ser campeão brasileiro. O Palmeiras foi campeão com Richard Ríos, Zé Rafael e Gabriel Menino no meio. Muitos jogos na temporada, mantendo um conjunto, a espinha dorsal. É importante repetir a formação para manter padrão tático. Savarino, Marlon Freitas e Gregore no Botafogo, intensidade muito grande", inicia.
Ele cita, então, importantes nomes flamenguistas, mas que não conseguem jogar com intensidade durante toda a temporada.
"Vimos o Flamengo com Vidal, De La Cruz, Arrascaeta, Gerson, quatro anos sem competir nos pontos corridos. Tecnicamente são superiores. Ah, temos elenco, a gente roda. Quando machuca, entra outro. Estamos vendo: machuca o Arrascaeta, De La Cruz volta de lesão, sem ritmo, sem treinar. Pulgar toma três cartões, não joga. Gerson, convocado, não joga. Volta e meia, você lança um Evertton Araújo. Os três jogadores da frente, que são os caras para decidirem", aponta.
Luiz Araújo e De La Cruz são exemplos claros de problemas físicos, apesar da qualidade. Além disso, essas lesões podem ser agravadas.
Isso porque os jogadores que já se lesionaram tem maiores tendências de voltarem a se machucar. Por isso, a grande preocupação é que o Flamengo volte a perder nomes importantes, dificultando um entrosamento tático e padrão de jogo, além, é claro, do fato simples de perder nomes que deveriam estar contribuindo.
"Luiz Araújo não terminou nenhuma das duas temporadas. Uma foi a posterior da coxa, nos EUA, e ano passado, uma lesão de cartilagem, que a gente não sabe o tamanho dessa lesão. Pode virar um problema similar ao De La Cruz. O De La Cruz não faz mais de 42 jogos desde 2018. Na Copa do Mundo, sofrendo com infiltração. 15 milhões de euros, à vista", comenta.
Ele lembra da contratação de Luiz Henrique, pelo Botafogo, comparando com as contratações do Mengo e mostrando que o jogador que resolveu para o time rival estava saudável.
"O Botafogo pagou esse valor no Luiz Henrique, que foi o cara que decidiu. Jorginho, sou fã, mas ele vai aguentar 90 jogos, sendo que o De LA Cruz e o Arrascaeta vão ficar se revezando, o Pulgar vai ser convocado para o Chile. Não seria interessante trazer força física para aguentar 90 jogos na temporada? Precisamos de uma base para jogar. Se não, de novo, vamos disputar as copas, porque temos um elenco que se dois anos atrás não aguentava", pede.
Portanto, ele indica que é preciso trazer jogadores com mais físico do que qualidade técnica, apontando Juninho como um nome desse estilo.
"É idade. Cada vez está mais degenerado. Cartilagem, tendão, não melhoram com tempo. É importante usar a base, ou trazer jogadores, de fora, com força física, que parece ser o caso do Juninho", opina.
O médico aponta ainda os nomes saudáveis do elenco, afirmando que são pouquíssimos os atletas realmente saudáveis e que desfalcam pouco o time.
"Quem joga sem lesão? Wesley, Gerson, Pulgar que não tem muita lesão, mas toma muito amarelo. Ortiz, que é um monstro, o Léo Pereira teve o histórico de lesões dele. E o Plata. Não vejo mais nenhum jogador do Flamengo jogar nessa intensidade, nessa qualidade, mais de 50 jogos no ano. Posso estar esquecendo alguém, mas jogar em intensidade e qualidade, vejo meio time", comenta.
Dois nomes importantes do ataque que são mais propensos a se tornarem ausência frequente durante o ano são Cebolinha e Michael.
"O Cebolinha, quando começou a ter ritmo, era uma lesão muscular atrás da outra, culminando na ruptura do tendão de Aquiles. Como vai voltar depois de uma lesão dessas? Michael, no primeiro jogo que faz, arrebenta a posterior da coxa. Luiz Araújo teve lesão na posterior da coxa completa. Na primeira temporada do Flamengo, lesão na coxa, não termina a temporada, no segundo ano tem lesão de cartilagem. Pedro já lesionou o cruzado de um lado, e agora cruzou o do outro", explica.
Por fim, Gustavo Asmar faz elogios a Bruno Henrique, apesar de reconhecer que o atleta já não é mais o mesmo de antes.
"Bruno Henrique fez a lesão mais grave do joelho. Eu acho que não é igual a antes, mas está entregando muito para a lesão que ele teve. Só lembro do Ibra com essa lesão voltando a jogar. É louvável", finaliza. Confira a análise completa abaixo.