Nosso Palestra
·24 aprile 2025
Estêvão relembra infância, trajetória, chegada ao Palmeiras e Abel Ferreira: ‘Foi ele quem realmente me tirou da minha zona de conforto’

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·24 aprile 2025
Estêvão completa 18 anos nesta quinta-feira (24) e vive seus últimos momentos vestindo a camisa do Palmeiras antes de se transferir para o Chelsea após disputa do Mundial de Clubes nos Estados Unidos. O jovem escreveu uma carta, publicada pelo site “The Players’ Tribune” onde fala sobre os pais, Palmeiras e futuro
Alegria por começar um novo capítulo no Palmeiras. Tristeza por deixar para trás tantas pessoas e memórias. Na verdade, eu estava muito ansioso, porque me perguntava se conseguiria recriar minha antiga forma no meu novo clube.
Como você sabe, eu estava lesionado quando cheguei lá. Foi horrível, porque ver outras pessoas treinando quando eu não posso me deixa nervoso.
A única saída foi confiar na disciplina que você me deu.
…
Essa mentalidade me ajudou muito na base do Palmeiras, porque eu sempre fazia o que tinha que fazer, mesmo quando não queria. Acho que eu estava no pátio da escola um dia quando um cara do clube me ligou para me parabenizar por ter sido convocado.
Eu fiquei tipo: “Pra quê?”
Ele disse: “Bem, o Sub-17”.
Achei que ele estava brincando, mas aí dei uma olhada na lista da seleção brasileira e meu nome estava lá. Saí correndo da escola como uma criança de desenho animado, e foi aí que liguei para vocês dois para contar a novidade. Eu nunca vi vocês chorarem tanto.
Foto: Sam Robles/The Players’ Tribune
Como naquela vez, dois anos atrás, quando cheguei ao Brasil, e recebi uma ligação do João Paulo, chefe da base do Palmeiras. Eles queriam que eu subisse para o time principal terminasse o campeonato com eles e perguntou se eu queria me juntar a eles em dois dias ou no dia seguinte. Eu disse que iria para lá em dois dias.
E aí, pai, quando liguei para você para contar a novidade, você mal comemorou. Você disse: “Como assim, em dois dias?”
Eu disse: “Bem, é, acabei de desembarcar de um voo e estou um pouco cansado”.
Você disse: “Escute, você vai ligar de volta para ele e vai dizer que estará lá amanhã”.
Claro que liguei. O que mais havia para dizer?
Na verdade, fiquei um pouco assustado quando cheguei ao time principal. Eles eram casca grossa… Eu não sou tão grande assim! Felizmente, o grupo foi maravilhoso desde o primeiro dia. Sem vaidade ou arrogância. Em campo, eles jogavam duro, mas fora dele, são o grupo de profissionais mais gentil que você poderia conhecer.
…
Vocês sabem como será difícil para mim deixar a torcida do Palmeiras. A verdade é que mal sei o que dizer a eles. Desde o primeiro momento em que pisei em campo, eles me demonstraram tanto amor e carinho. Saber que fui capaz de retribuir a alegria deles… É uma sensação inestimável.
O Palmeiras sempre terá um lugar especial no meu coração.
Estêvão comemora seu gol contra o Sporting Cristal durante partida válida pela fase de grupos, da Copa Libertadores, no Estádio Nacional de Lima. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Que bênção foi conhecer o Abel Ferreira. Pai, a gente conversou sobre isso… Foi ele quem realmente me tirou da minha zona de conforto. Ele me colocou na ponta. Ele me ensinou a pressionar e a defender.
Graças a ele, me tornei muito mais completo.
Dá pra acreditar em tudo o que nossa família já viveu junto?
Mãe, pai, eu só gostaria de dizer, neste meu décimo oitavo ano de vida, antes de um novo capítulo começar… Vocês sempre serão meus dois maiores ídolos. Tudo o que eu conquistar, devo a vocês.
Obrigado pela jornada até aqui. Vamos aproveitar esses últimos meses no Brasil juntos.
E pai, te vejo depois do treino amanhã. Eu levo a bola.