Atritos no vestiário expõem piora no relacionamento do elenco do Corinthians em 2025; entenda contexto | OneFootball

O Corinthians voltou ao Brasil na quinta-feira, 6, um dia após sofrer dura goleada para o Barcelona (EQU) por 3 x 0, em jogo disputado no Estádio Monumental de Guayaquil pela terceira fase preliminar da Copa Libertadores. Prestes a encarar jogos decisivos, o time passa por um de seus momentos internos mais difíceis dos últimos meses, sofrendo com cobranças e atritos nos bastidores.

No último episódio, ocorrido no intervalo do jogo no Equador, uma forte discussão entre Memphis e Gustavo Henrique chamou a atenção dos demais. O desentendimento foi motivado por questões de campo na derrota parcial do Corinthians e não escalou porque Matheuzinho e Fabinho Soldado separaram os jogadores.

Foto: Reprodução/Corinthians

É importante pontuar que, segundo a apuração da Central do Timão, o entrevero não envolveu qualquer agressão física, desmentindo algumas versões sobre o ocorrido que circularam em páginas e perfis nas redes sociais nesta quinta-feira. Apesar de firme, a discussão não chegou às vias de fato.

Ainda assim, a compreensão é de que o incidente representou um nível de cobrança acima das que normalmente ocorrem em um ambiente de vestiário no futebol, especialmente após atuações ruins que ocasionam derrotas. E neste caso específico, ainda de acordo com a apuração, a subida de tom na discussão não se tratou de uma situação isolada.

Segundo os relatos recebidos, o relacionamento no elenco corinthiano piorou nesta temporada em comparação ao final de 2024, devido a uma série de situações. A apuração é de que, no momento, falta consenso entre os atletas sobre algumas decisões da comissão técnica em relação à rotina da equipe, o que tem afetado a harmonia e a convivência do grupo.

Um pouco de contexto

Uma das situações reportadas diz respeito à preparação do Corinthians para os jogos em casa. Até o início do ano, o time se mantinha concentrado no CT Joaquim Grava na véspera das partidas em Itaquera, mas a prática foi recentemente abolida. Atualmente, o elenco se apresenta na manhã do dia da partida, almoça e se dirige à Neo Química Arena.

Além disso, a frequência de treinos matutinos no CT diminuiu, com a preferência sendo dada a atividades iniciadas à tarde. Ambas as medidas são alvo de insatisfação de um grupo formado principalmente pelos jovens promovidos da base corinthiana e o atacante Romero – que também é um dos jogadores que mais tem cobrado os coletas no vestiário por um melhor desempenho em campo, além de defender a volta da concentração no CT antes dos jogos em casa.

Outra questão de atrito recente envolve o status de Memphis e sua influência perante a comissão técnica. Nas últimas semanas, houve um acúmulo de pequenas situações envolvendo o neerlandês que geraram insatisfação em parte do elenco, embora as mesmas ainda estejam mais restritas ao vestiário e gerando pouco impacto no campo.

As situações apuradas pela Central do Timão já se tornaram públicas durante os últimos dias. Uma delas diz respeito à tentativa de liberar o acesso de MC Hariel ao vestiário após um jogo do clube. O jogador foi cobrado por André Ramalho e foi necessário que Fabinho Soldado intervisse para barrar o músico, que ainda assim permaneceu na sala de alimentação do local, que em tese também lhe seria restrito.

Outra questão relatada, por sua vez, ocorreu durante o aniversário do camisa 10 alvinegro, no qual Memphis teria levado dois companheiros de time até o atacante Neymar, do Santos, para que pedissem desculpas pelas entradas consideradas “fortes” no santista durante o Clássico Alvinegro. O pedido foi considerado fora de tom.

Por fim, o status de Memphis perante a comissão técnica também foi relatado como um ponto focal de insatisfação por alguns jogadores, que consideram que o neerlandês é tratado de forma diferente pela diretoria e comissão técnica. Na avaliação compartilhada com a Central do Timão, a relação entre o atleta e certos membros da comissão se tornou muito próxima, prejudicando o senso de hierarquia e a autoridade dos mesmos sobre ele.

Cobranças crescentes

Dentro de campo, porém, tal situação ainda tem causado pouco impacto, com Memphis mantendo boa média de participações em gol durante a temporada (sete ao todo). Já em relação ao desempenho do grupo, a pressão por uma melhoria vem aumentando, inclusive sobre a diretoria.

Ainda no Equador, a delegação corinthiana experimentou um pouco dessas cobranças. Torcedores presentes no aeroporto teceram críticas aos jogadores e também à comissão técnica, ao mesmo tempo em que a diretoria recebeu reclamações de conselheiros e apoiadores da gestão pelo mau resultado no Equador.

No entanto, a apuração da Central do Timão aponta uma compreensão interna de que há poucas condições políticas para cobranças mais firmes da atual gestão, pelo fato de os jogadores do elenco terem emprestado suas imagens para apoiar publicamente o dirigente durante sua batalha contra o impeachment. Por conta de tal apoio, hoje, a análise é de que existe uma “dívida de gratidão” da gestão, prejudicando sua autonomia para “expor” os jogadores por meio de cobranças por desempenho.

Por outro lado, as torcidas organizadas já começaram a se manifestar. Na quinta-feira, membros da diretoria dos Gaviões se pronunciaram nas redes sociais e a própria torcida divulgou uma nota oficial, cobrando o elenco pela derrota no Equador e exigindo mudança de postura já a partir do próximo domingo, 9, na semifinal do Paulistão diante do Santos.

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