
Gazeta Esportiva.com
·25 de abril de 2025
Augusto Melo tem pedido negado para reabrir contas, refazer balanço e adiar votação no Corinthians

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·25 de abril de 2025
O Conselho Fiscal (CF) do Corinthians protocolou no Conselho de Orientação (Cori), nesta sexta-feira, a sugestão de reprovação das contas do primeiro ano da gestão de Augusto Melo. Com o intuito de tentar reverter a situação, o presidente alegou, após a decisão do CF, a necessidade de refazer o balanço financeiro. Para isso, solicitou o adiamento da votação no Conselho Deliberativo, marcada para a próxima segunda-feira. No entanto, o pedido da gestão foi rapidamente negado por Romeu Tuma Jr, presidente do CD.
A decisão do Conselho Fiscal aconteceu por unanimidade e levou em consideração o fato de que, no momento da entrega das demonstrações financeiras de 2024, nem a gestão nem a empresa de auditoria contratada solicitaram a reabertura das contas de 2023.
O balanço financeiro do ano passado teve um parecer da auditoria externa GF Brasil Auditoria & Consultoria. No ofício enviado pela diretoria ao Cori, depois do CF protocolar sua sugestão pela reprovação, a gestão Augusto Melo alegou que, em função de contingências tributárias, as contas de 2023, referentes ao último ano da gestão Duilio Monteiro Alves, teriam de ser reabertas.
A diretoria do Corinthians pretendeu, com isso, montar um novo balanço de 2024, com novas informações e resultados. “Tal medida se faz necessária para realizar o correto apontamento das pendências tributárias que existiam no ano de 2023 e que não foram devidamente contabilizadas”, diz trecho do comunicado do clube.
Nesse sentido, a gestão Augusto Melo solicitou ao Cori uma mudança na data de votação do CD, responsável por aprovar ou reprovar as demonstrações financeiras. A votação está marcada para esta segunda-feira (28), e o mandatário pediu para que ela fosse adiada para a quarta-feira (30).
A solicitação do presidente Augusto Melo foi rapidamente recusada pelo Conselho Deliberativo, órgão presidido por Romeu Tuma Júnior. Com isso, a votação das demonstrações financeiras de 2024 está mantida para a próxima segunda-feira. A diretoria do Corinthians também não pode reabrir as contas de anos anteriores sem a autorização dos órgãos internos.
PEDIDO NEGADO
Romeu Tuma Jr. justificou a decisão com base em dois principais motivos. O presidente do CD afirmou, em ofício, que já havia acertado, há mais de um mês, com o diretor financeiro, Pedro Silveira, e com os demais órgãos de fiscalização, a data de análise do balanço financeiro.
A principal razão, entretanto, trata do prazo de envio, indicado por lei, aos órgãos federais. O Corinthians tem até o último dia útil de abril (quarta-feira, dia 30) não só para publicar o balanço em jornais de grande circulação e no site, mas também para entregar o documento à Federação Paulista de Futebol (FPF) e à Caixa Econômica Federal, o que não seria possível caso houvesse a mudança de data a votação para o dia 30, como pediu Augusto Melo. No ofício, Tuma ainda mencionou que o CD terá somente dois dias para tomar tais providências após a votação.
Por fim, Romeu Tuma Júnior ainda alegou que não houve uma recomendação do Cori por uma mudança na data de análise e votação do balanço financeiro.
O Conselho de Orientação também deve se manifestar em breve, seguindo o CD, sem concordar com a ideia de adiar a votação por ausência de tempo hábil para que todas as obrigações sejam cumpridas.
As contas do primeiro ano da gestão Augusto Melo foram entregues no último sábado, com 19 dias de atraso. O documento apresentado mostrou um aumento da dívida bruta em R$ 598 milhões em apenas 12 meses, um recorde na história do clube e que elevou a dívida bruta para o patamar de R$ 2.568 bilhões.
OS MOTIVOS DO CF
O Conselho Fiscal é composto por três membros: Haroldo José Dantas da Silva, presidente do CF; Claudio Luiz Senise, secretário do CF; e Paulo Schmidt Pimentel, integrante da comissão. O trio apoiou Augusto Melo nas últimas eleições, mas entendeu, após avaliação dos números apresentados no último sábado, que há erros e inconsistências que impedem a aprovação do balanço.
A Gazeta Esportiva teve acesso à ata levada pelo Conselho Fiscal ao Conselho de Orientação. O CF apontou, ao todo, 13 motivos para a reprovação do balanço apresentado pela atual diretoria. Entre eles, cinco chamam a atenção. São eles:
O artigo 4 da Lei do Profut prevê que, a partir de 1º de janeiro de 2019, os clubes inseridos no programa não podem ter um déficit anual superior a 5% da receita bruta do ano anterior. De acordo com o Conselho Fiscal, tal regra teria sido quebrada pela gestão em 2024.
O artigo 25 da mesma Lei ainda considera como “atos de gestão irregular ou temerária” déficit ou prejuízo anual acima de 20% da receita bruta apurada no ano anterior. O artigo foi respeitado, mas a gestão Augusto ficou no limite, já que, segundo o documento do CF, o prejuízo no ano passado ficou em 19,4%.
Uma possível reprovação do balanço financeiro do Corinthians pode motivar um novo pedido de impeachment do presidente Augusto Melo, que já enfrenta outros dois processos que solicitam sua destituição do cargo.
A votação do balanço pelo Conselho Deliberativo, que pode definir o futuro de Augusto Melo no comando do clube, segue marcada para segunda-feira.