Trivela
·02 de julho de 2022
Grande talento da Geórgia, Kvaratskhelia merece ser observado com atenção em sua mudança ao Napoli

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·02 de julho de 2022
Dentro do futebol, a Geórgia era uma das repúblicas mais importantes da União Soviética. O Dinamo Tbilisi chegou a faturar a Recopa Europeia e muitos de seus destaques formavam a base da seleção no início dos anos 1980. Depois da independência, os grandes nomes da seleção georgiana foram aqueles que se provaram fora do país. Shota Arveladze, Levan Kobiashvili e Kakha Kaladze passaram com sucesso por clubes de peso da Europa Ocidental. E quem surge como esperança de dias melhores à nação é Kvicha Kvaratskhelia. O ponta de 21 anos se destaca em bons resultados registrados na Liga das Nações e nas Eliminatórias. Agora, também vai pintar numa grande liga. Nesta sexta, a promessa foi anunciada oficialmente pelo Napoli. Os celestes pagarão €10 milhões ao Rubin Kazan, em contrato de cinco temporadas.
Kvaratskhelia atuou por Dinamo Tbilisi e Rustavi no início da carreira, antes de se transferir ao futebol russo. Ficou poucos meses no Lokomotiv Moscou, até sua ascensão ocorrer pelo Rubin Kazan a partir de 2018/19. Aos 18 anos, o ponta estourou como uma das principais revelações da liga local e ajudou os grenás a se classificarem para a Conference League. Apresentava agressividade e qualidade técnica, o que rendia gols e assistências com frequência.
O começo de Kvaratskhelia pela seleção da Geórgia também foi impactante. Auxiliou o país a se classificar para a repescagem da Euro 2020, através da Liga das Nações, e foi um desfalque sentido na decisão da vaga contra a Macedônia do Norte. Quando voltou, anotou gols nas Eliminatórias contra Espanha e Grécia, antes de protagonizar uma zebraça: fez os dois tentos nos 2 a 0 sobre a Suécia, que praticamente tiraram a vaga direta no Mundial dos escandinavos. O talento estava cada vez mais evidente e clubes de ligas maiores passavam a olhar com atenção.
A temporada passada seria conturbada a Kvaratskhelia, contudo. O jovem não impedia a campanha modesta do Rubin Kazan no Campeonato Russo. Já em março, quando estourou a guerra na Ucrânia, ele decidiu não ficar na Rússia – país de tensões com a Geórgia. A partir desse momento, com outras perdas sensíveis, o Rubin Kazan despencou na tabela e terminou rebaixado. Enquanto isso, o prodígio manteve a forma no Dinamo Batumi. Marcou oito gols em 11 partidas pelos líderes do Campeonato Georgiano. Já na Data Fifa, mais atuações espetaculares com a seleção. Foram três gols e duas assistências em quatro aparições, em resultados que aproximam a Geórgia de mais um acesso na Liga das Nações, rumo à segunda divisão.
A transferência para o Napoli era dada como certa, com membros do próprio clube falando sobre a transação. A oficialização do negócio, entretanto, aconteceu apenas nesta semana. Kvaratskhelia não tinha qualquer perspectiva de continuar no Rubin Kazan, seja pela guerra ou pelo rebaixamento. Existia inclusive a possibilidade de que ele saísse de graça. No fim, os napolitanos mantêm o acordo com os russos e pagarão €10 milhões. Levarão um jogador talentoso e que se mostra preparado para dar esse passo.
Kvaratskhelia costuma atuar mais pela ponta esquerda. Desta maneira, ocupará a lacuna deixada pelo ídolo Lorenzo Insigne, que rumou para o Toronto FC. Deve ser o nome mais forte para o setor, embora Eljif Elmas também possa ser usado por ali. É necessário ter calma no processo de adaptação, especialmente na transição de uma cultura tão distinta. Mas, em potencial, o georgiano tem bola para ser o titular em breve. É a segunda novidade dos napolitanos nesta janela de transferências, após o clube também trazer o lateral esquerdo Mathías Olivera, do Getafe. A diretoria ainda acertou a compra definitiva de André Zambo Anguissa.
Kvaratskhelia será o terceiro jogador da Geórgia a passar pela Serie A, depois de Kakha Kaladze e Levan Mchedlidze. A mera transferência possui um simbolismo considerável neste contexto. Os compatriotas, ainda assim, esperam que seu desenvolvimento leve a mais: não só uma atenção maior aos talentos georgianos, mas também a uma evolução da seleção. Por aquilo que o time produz nos últimos anos, protagonizado pelo jovem ponta, não parece fora de alcance imaginar uma classificação à Eurocopa. Quase aconteceu já em 2020.