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·18 de março de 2025
Multicampeão e sonho de lutar no UFC: conheça história do jovem ajudado por Gerson

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·18 de março de 2025
A bonita história envolvendo Gerson, craque do Flamengo, e o jovem lutador Gabriel Mussum, flamenguista fanático e apaixonado por Jiu-Jitsu, ganhou repercussão nas redes sociais.
Isso porque o atleta mirim foi ao Ninho do Urubu na última segunda-feira (17) e voltou com o dinheiro das passagens para lutar no Pan Kids dos Estados Unidos.
Gerson parou, desceu do carro e conversou com Gabriel e sua mãe, Cintia, decidido a ajudar o garoto que tem o sonho de ser lutador profissional.
Para entender a história do jovem Gabriel, o MundoBola Flamengo conversou com ele e sua mãe, trazendo detalhes enriquecedores.
Para início, trata-se de um garoto muito agradecido pela ajuda que recebe do ídolo.
"Muito gratificante o Gerson estar me ajudando. Coringa, brabo do Flamengo. Me ajudar a lutar em outro país em um dos maiores campeonatos de Jiu-Jitsu do mundo. Nosso Coringa joga demais. É gratificante ver o Gerson me ajudando. Estou muito feliz com essa oportunidade para mostrar meu talento para os EUA e para o mundo. Se Deus quiser, vou trazer essa medalha de ouro para a casa", garante Gabriel.
O jovem lutador contou um pouco mais de sua trajetória, explicando que começou a lutar com apenas cinco anos e que sempre gostou de lutas.
Gabriel começou em um projeto do Complexo da Maré, comunidade onde mora, e se destacou desde o início.
"Eu tinha cinco anos. Moro no Complexo da Maré desde pequeno e comecei a treinar aqui, no Parque União. Começou minha paixão pelo Jiu-Jitsu. Sempre gostei de luta. Eu disputei minha primeira competição, fiquei em segunda lugar, mas não me deixei abalar. Dali para frente, só comecei a ganhar ouro", explica.
Além disso, essa não será a primeira vez que o jovem campeão vai lutar fora do país.
"Fiquei dois anos invicto na faixa cinza. Mas fiquei um tempo também na branca. Jiu-Jitsu já me levou para vários lugares fora do país. Já fui para os EUA, para Dubai, conheci diversos lugares e pessoas legais. Professores. É como se fosse um lazer. O pessoal gosta de jogar bola, eu gosto de treinar. Fico relaxado", relata.
Mas seu grande sonho é lutar no Ultimate Fighting Championship, o UFC. Ele também deseja dar uma vida melhor a sua família.
"Lutar no UFC, dar uma vida melhor para a minha família, dar uma casa. Ter a oportunidade de melhorar sair daqui", conta o jovem atleta.
Sua mãe, por sua vez, também sonha com uma oportunidade no Judô do Flamengo.
"O Judô, estamos vendo que tem entrado muitos atletas bons. O Judô para o Gabriel seria o principal. O objetivo dele é chegar no UFC. Tem várias pessoas treinando no Flamengo. Se ele tivesse essa oportunidade de treinar Judô no Flamengo, seria muito gratificante", ressalta.
Assim como a maior parte do país, Gabriel Mussum é rubro-negro. Ele conta que até pintou o cabelo em homenagem a Gabigol e participou dos 'AeroFla' feitos pela Nação.
"Desde pequeno, sempre fui fã do Flamengo. Apaixonado. Libertadores, pintava o cabelo de loiro para imitar o Gabigol, fazia a barba. Quando tinha AeroFla, ia em todos. Parava a Brasil, da Brasil ia para o aeroporto. Sou Flamengo desde pequeno, desde que nasci. Time de raça, amor e paixão", afirma.
A mãe de Gabriel, Cintia, não o deixa mentir: a família é completamente rubro-negra.
"Aqui na favela, jogo do Flamengo vira o Maracanã. Somos todos flamenguistas. O Gabriel sente esse instinto de raça, fé, de oportunidade, Flamengo é favela. Eu e Gabriel sempre fomos Flamengo. Flamengo até morrer", afirma.
Gabriel, que apontou Meyram Maquine e Micael Galvão como grandes referências no Jiu-Jitsu, também respondeu sobre suas principais conquistas no esporte até aqui.
"Campeonato que mais marcou na minha vida, foi em Abu Dhabi, 2022. E o Pan Kids de Nogi, e o Brasileiro. Todas são importantes, mas as mais importantes são essas. Brasileiro, Sul-Americano, Pan Kids e Mundial. Estou em busca, também, de lutar no Europeu e o Pan Kids de Kimono", comenta.
Cintia também citou o torneio em Abu Dhabi, lembrando que o filho é bicampeão, além de brincar ao fazer uma comparação com José Aldo, mais um lutador flamenguista.
"Um dos mais marcantes para mim é o Abu Dhabi, que ele é bicampeão e um atleta de alto nível. Isso para mim é muito relevante. Ano passado, ele lutou em um nível muito alto. A cada dia está melhorando. Tem possibilidade de chegar ao topo, ao UFC, representando o Brasil e o Mundo. O José Aldo é flamenguista, o Mussumzinho também é", afirma.
Apesar de ser de um esporte diferente, o craque revelado pelo Flamengo, Vini Jr, inspira jovens de todas as modalidades. De acordo com Cintia, isso acontece porque o jovem saiu do Mengão para ganhar o mundo.
"(Ele) se inspira também no Vini Jr, da resistência. Quebrar paradigmas, barreiras, chegar em outro país. O Gabriel, com 12 anos, eu, auxiliar de serviços gerais, nunca tinha entrado em um avião, meu filho me leva para outro país, de Emirates. Nunca nem imaginei, muito medo de avião. O Vini Jr como grande jogador, Gerson, vem para mostrar essa bandeira. Você pode chegar em qualquer lugar, sim. Só depende de você. Ele tem essa força, que pode chegar no UFC, pode estar lá", comenta.
O Coringa não foi o primeiro jogador do Flamengo a ajudar Gabriel. De acordo com Cintia, essa foi uma estratégia pensada ainda em 2022, antes do embarque para Abu Dhabi.
"A gente cria uma estratégia. Por ser flamenguista desde criança, eu pensava, como vamos fazer a correria. Então vamos no Flamengo, a gente leva lençol, fica deitado, leva guarda-chuva, até acabar o treino", conta.
Bruno Henrique e Everton Ribeiro foram os primeiros a ajudar.
"2022 foi a primeira ideia. A gente tinha passagem para ir a Abu Dhabi, mas não tínhamos recursos. Fomos no Flamengo pela primeira vez, na primeira viagem do Gabriel para fora do Brasil. O Bruno Henrique ajudou, o Everton Ribeiro também. Depois fomos em 2023, o Pablo ajudou. O Cebolinha, ano passado, quando teve o de Kimono e o Nogi, também ajudou", diz.
Além disso, alguns jogadores também doam suas camisas para que o atleta mirim possa fazer um leilão e utilizar os recursos para seguir em busca de seus sonhos.
"Já ganhamos camisa, para fazer leilão. Ganhou do Wesley, Léo Pereira. Os jogadores sempre abraçaram essa campanha, e graças a Deus, esse ano, tivemos a felicidade do Gerson parar e ajudar ele a chegar nos EUA mais um ano. Os jogadores do Flamengo sempre tem contribuído de alguma forma durante esses anos de 2022 para cá para o Gabriel ir a algum campeonato", relata.
Cintia também detalha encontro com Gerson.
"O Everton Cebolinha foi muito legal no ano passado. Passou contato, ajudou. O Gerson, até ficamos desnorteados. Ele parou, conversou comigo com muita humildade, desceu do carro. Peguei o passaporte, visto, ele disse que não precisava. Foi muito proativo e simpático conosco. Acho que Deus já tinha preparado. Falamos: 'Poxa, Gerson, se você pudesse ajudar...' E ele ajudou", lembra.
Ainda sem uma boa quantia para se manter nos Estados Unidos, Cintia conta que ela e o filho vendem chaveiros para conseguir os recursos necessários e se manter no país.
Além disso, ela diz que não deseja deixar os interessados em ajudar sem nenhum retorno, e pede que essa ajuda aconteça por meio de sua venda de chaveiros.
"A gente ainda não está recebendo esse apoio. Horário nenhum a gente mandou pix, nem nada. A gente quer que as pessoas que queiram ajudar, comprem um chaveiro. Que nada seja de graça, de mãos vazias. Deixamos as pessoas livres para apoiar", afirma.
Ela conta que as vendas acontecem na praia da Barra da Tijuca, aos finais de semana, além de vender na própria comunidade.
"Somos fortes, a gente faz o trabalho com o chaveiro e aos fins de semana vende na praia, vende na comunidade. Tem um polo gastronômico muito grande. Eu não tenho visto, então ele vai com o professor, que me faz esse favor. Arcamos com as passagens. E lá tem uma casa que eles ficam, o dinheiro é mais para alimentação e para se locomover. A gente vende na Barra da Tijuca, aos fins de semana", finaliza