Coluna do Fla
·21 de março de 2025
“Se não fizermos nada, vamos perder meio bilhão”: Bap justifica postura do Flamengo em negociação de direitos de transmissão

In partnership with
Yahoo sportsColuna do Fla
·21 de março de 2025
Presidente do Flamengo desde janeiro deste ano, Luiz Eduardo Baptista, o Bap herdou alguns contratos firmados pela gestão anterior. Em um deles, o mandatário deseja reformular o acordo da Libra, liga de clubes que se uniram para negociação da venda de direitos de transmissão do Brasileirão com a Globo. De acordo com o dirigente, se o Rubro-Negro não mudar os termos, perderá quase meio bilhão de reais.
— O efeito de audiência que foi aprovado na Libra, Flamengo joga com Juventude, com todo o respeito ao Juventude…. Metade da audiência vai para Flamengo e metade vai para o Juventude. Mas será que metade das pessoas estão assistindo aquele jogo por causa do Juventude? Eu não tenho a menor dúvida que não. Mas na hora que você faz esse cálculo, o que é 11% cai para 3,9%. Então, esse efeito cumulativo, ao longo de cinco anos, vai gerar uma perda de potencial para o Flamengo, se a gente não fizer nada, na ordem de R$ 450 a R$ 500 milhões. Meio bilhão de reais — disse Bap, nesta quinta (20), segundo o ‘Mundo Bola Flamengo’, durante reunião do Conselho Deliberativo.
— O que aconteceu? Foi feita uma alteração em setembro de 2024, após o Conselho Deliberativo ter feito a aprovação, onde dizia o seguinte: ‘Olha, a remuneração pelo clube, a base, é de 2023. Então, só caso as receitas líquidas da Libra fossem maiores que as receitas total de 2023, havia também essa cláusula. Como o Flamengo arrebentou a boca do valor em 2024, nós perdemos por conta dessa cláusula. Então, a Libra, sistematicamente, foi criando cláusulas que tiravam o dinheiro do Flamengo. Basicamente, era uma desapropriação. Cada um real que saía do Flamengo era dividido entre os outros clubes. Então, hoje, para vocês terem uma ideia, o Flamengo vai ganhar 201 milhões de reais na Libra, e o Braga continua com 83. Alguém aqui acha razoável que um que tem 45 milhões de torcedores, e outro que não tem nem 500 mil, tenham 2,5 vezes de diferença? Esse é um dos desafios que a gente tem — acrescentou Bap.
No mês passado, após analisar o contrato assinado pelo Flamengo com a Libra e com a Globo, Luiz Eduardo Baptista entrou em contato com a cúpula da emissora para externar o desconforto com a situação contratual. O presidente tem o desejo de mudar o que foi assinado na ‘gestão Landim’.
Assim sendo, importante relembrar que fazem parte da Libra: Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos, Vitória, Paysandu, Remo, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa. O objetivo do grupo é negociar, em grupo, valores da venda das transmissões dos jogos, mas Bap viu injustiça com o Mengão.
“O efeito de audiência que foi aprovado na Libra, Flamengo joga com Juventude, com todo o respeito ao Juventude…. Metade da audiência vai para Flamengo e metade vai para o Juventude. Mas será que metade das pessoas estão assistindo aquele jogo por causa do Juventude? Eu não tenho a menor dúvida que não. Mas na hora que você faz esse cálculo, o que é 11% cai para 3,9%. Então, esse efeito cumulativo, ao longo de cinco anos, vai gerar uma perda de potencial para o Flamengo, se a gente não fizer nada, na ordem de R$ 450 a R$ 500 milhões. Meio bilhão de reais. Essa é a combinação que a gente tem. Então, a relação com a Libra, do meu ponto de vista, só vai adiante quando o Flamengo resolver esse problema. Eu não vou abrir mão de meio bilhão de reais, de uma maneira pacífica. Tinha um anexo que dizia o seguinte, nós tínhamos uma proteção, se o dinheiro total do bolo caísse, nós tínhamos uma proteção durante um tempo. Para fazer parte disso, se caía, eu tenho uma proteção. O que aconteceu? Foi feita uma alteração em setembro de 2024, após o Conselho Deliberativo ter feito a aprovação, onde dizia o seguinte: ‘Olha, a remuneração pelo clube, a base, é de 2023. Então, só caso as receitas líquidas da Libra fossem maiores que as receitas total de 2023, havia também essa cláusula. Como o Flamengo arrebentou a boca do valor em 2024, nós perdemos por conta dessa cláusula. Então, a Libra, sistematicamente, foi criando cláusulas que tiravam o dinheiro do Flamengo. Basicamente, era uma desapropriação. Cada um real que saía do Flamengo era dividido entre os outros clubes. Então, hoje, para vocês terem uma ideia, o Flamengo vai ganhar 201 milhões de reais na Libra, e o Braga continua 83. Alguém aqui acha razoável que um que tem 45 milhões de torcedores, e outro que não tem nem 500 mil, tenham 2,5 vezes de diferença? Esse é um dos desafios que a gente tem. Outra coisa é o seguinte, o contrato que o Flamengo tinha com a Globo, que era um contrato apartado, nós tínhamos uma série de direitos que foram conquistados. Por exemplo, eles permitiam que alguns espaços comerciais deles nós fizéssemos alguns de graça quando eles não vendiam o espaço. Para quem entende de mercado publicitário. A Globo tem 100 espaços para vender, ela vendeu 80, sobravam 20, ela pegava um desses 20, passava para a gente e a gente anunciava um programa de sócio-torcedor, de produto que nós gostaríamos de vender. Perdemos todos esses direitos, porque eles não foram negociados pela Libra. Por quê? Porque estava no contrato do Flamengo e não no deles. Então, eles abriram mão de uma propriedade que nós tínhamos. Em vez de eles pedirem uma propriedade idêntica para eles, eles abriram mão de algo que não era deles. E outra coisa é o seguinte, é uma cláusula estrutural que diz o seguinte, se aumentar o número de clubes na Libra, o volume total de dinheiro que a gente recebe não aumenta. Mas se tiver menos clubes, tem redução do valor do clube. Então, vamos supor, sai Flamengo ou Bragantino da Libra. São nove clubes, cada um vale 11%. Se o Bragantino sair, cai 11% do total do dinheiro da Libra. Para ser dividido. Então, se sai, tem punição. Se acrescenta algum, todo mundo é a mesma pizza, cada um come um pedaço menor de pizza. Bom, do ponto de vista econômico e financeiro, em 2025, nós temos sorte, porque com o Mundial da FIFA, que não foi definido ainda quando a gente ganha aquele dinheiro, a gente tem um colchão que pode chegar até 20 milhões de dólares que cumpririam isso no primeiro ano. 20 vezes 5 é pouco, daria 100 milhões. Uma perda de 90, 100 milhões pelo ano. No primeiro ano, isso não afetaria o número da gente. No final, vocês vão ver a projeção por ano. Mas nos outros quatro anos, é bom a gente arranjar dinheiro. E esse dinheiro nós vamos trabalhar para que venha parte da Libra e parte da Libre F1. Se eles querem juntar tudo, a gente vai cobrar essa conta deles. Pode passar. Outra coisa que aconteceu que eu acho importante dividir com vocês, é o seguinte. A gente vive num mundo digital hoje mesmo. Esses contratos finais da coisa, a Libra, eles não foram organizados por nenhum privado, nenhum privado. Quem mandou o jogo completo pra gente foi a Libra. Nós fomos descobrir tudo que nós assinamos pela Libra. Parecia alguma coisa aqui, outra ali, mas era meio que uma quebra-cabeça. E outra coisa é o seguinte. As negociações em minutos finais desse ajuste, porque se vocês lembrarem, nós aprovamos aqui linhas gerais, e haveria uma discussão do contrato no longo prazo. Vocês sempre lembram disso. Vai ter uma discussão. Nós não acompanhamos isso. Nem com a gente da área comercial da gente, nem com a gente da área financeira. Talvez por isso a gente tenha aberto mão de algumas coisas que os outros grupos, como nunca tiveram, nem perceberam que tinham alguma importância. Então, a nossa participação na Libra, sempre foi, essa é a minha boa opinião, do ponto de vista dos outros grupos, era pra que o Flamengo trouxesse o que ele tinha de bens pra divisão. Isso eles queriam que a gente trouxesse, a audiência. Mas na hora de discutir e dividir os detalhes, a sensação que eu tenho é que o Flamengo é bem-vindo quando traz o dinheiro. Mas na hora de discutir as divisões, esse tipo de coisa, nós não somos tão bem-vindos. Quer dizer, a gente é chamado pra pagar a conta, mas não necessariamente pra discutir, pra participar das grandes discussões. Boa passada. Bom. Em termos de valorização, é assim”.