Um jogo pra quem ama futebol e odeia um pouco a si mesmo | OneFootball

Toda grande paixão esportiva inclui necessariamente uma dose de loucura. É o tempo que você dedica, é o dinheiro que você gasta, é o impacto emocional que isso tem. Você poderia ir ao cinema mas vai ver o jogo, você poderia comprar um tênis mas comprou a camisa do clube, você poderia começar bem a semana mas o time perdeu no domingo e segunda de manhã você ainda está puto da ideia.

Mas jogos como esse Flamengo x Madureira desta quarta-feira, onde o Flamengo B empatou em 1x1 com o Madureira, diante de menos de 4 mil testemunhas no Estádio Amigão, na Paraíba, não apenas superam os limites da insanidade como te colocam numa situação em que você começa a se questionar se “acompanhar o início do Carioca” não deveria ter ali um código especial na CID, a Classificação Internacional de Doenças.

Porque, mais uma vez, não tivemos um grande jogo. Houve sim alguma evolução, com um Flamengo menos desentrosado e que conseguiu criar algumas oportunidades claras, mas o que deveria ser motivo para animação acabou se tornando causa para mais agonia, diante das maneiras absurdas como essas oportunidades claras foram desperdiçadas.

Carlinhos mais uma vez provou que é um cara disposto, esforçado, dedicado, mas que possui uma inimizade praticamente ancestral com a bola, parecendo ter vindo ao mundo para aparecer em vídeos do perfil “Ensina, Romário”, algo que, se você não é o Romário, nunca é uma boa notícia.

Pablo, uma prova viva da inviabilidade do sistema capitalista, já que recebe 600 mil por mês pra basicamente atormentar um adolescente (seu companheiro de zaga, Cleiton) é outro que segue aproveitando a oportunidade no time titular para garantir oportunidades fora do time durante o resto da temporada.

Os jovens também seguem em situação complicada, com talvez Zé Welinton e Guilherme tendo algum destaque, mas Lorran ainda não justificando as expectativas e muita confusão e nervosismo dando a tônica da atuação dos nossos garotos.

Uma situação que, mesmo diante da importância quase negativa do Carioca, não é exatamente confortável. Com 1 ponto em 2 jogos, a 9ª colocação na tabela e mais 2 jogos pela frente com a equipe alternativa, o Flamengo pode sim estar criando um risco real de não apenas não se classificar para as semifinais do torneio como transformar o que seria uma oportunidade para os jovens e um momento de afirmação para os veteranos numa jornada de grande constrangimento pra todo mundo.

Resta agora torcer pra que diante do Nova Iguaçu, neste domingo, o Flamengo B possa dar alguma alegria ao torcedor e não contribuir pra que, como quem convive com esse tipo de maluquice bem sabe, a segunda-feira de manhã seja ainda pior do que já costuma ser.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.